Claramente, vivemos em um mundo que funciona em ciclos.
O dia precede a noite, que precede um novo dia, assim como a semente precede o fruto, que precede uma nova semente. No entanto, vivemos como se a morte fosse o fim, e fugisse de toda a lei natural que nos rodeia.
Diversas religiões abordam o assunto à sua maneira. Porém, a compreensão desse mistério, que permeia tudo que é transitório, extrapola as esferas da fé, e pode ser alcançada pela razão, se abrimos em nós as portas para a intuição.
Falamos muito sobre o amor e, apesar de pouco entendê-lo, o sentimos. Não raramente, o amor foge da razão, atingindo espaços conscientemente pouco explorados por nós.
O amor por um pai, uma mãe, um irmão, um filho, outro ser humano, é um laço feito de coração a coração.
Amamos seres que moram conosco e seres que vivem à quilômetros de distância. O amor vence o espaço.
Amamos seres que já se foram, e estão na nossa memória – no passado – e seres que estão por vir, e estão na nossa imaginação – no futuro. O amor vence o tempo.
Todo laço é formado por duas pontas que se atam em um nó.
Como pode um laço permanecer intacto sem ambas as pontas?
Se o laço vive, suas pontas vivem.
A gentileza, generosidade e felicidade compartilhadas são forças que atam o nó tão firme, que nem o tempo pode desfazer.
O amor, quando verdadeiro, transcende qualquer aspecto físico e racional, e ganha ares metafísicos e intuitivos.
Se nos elevamos para essa realidade, sabemos.
Com a consciência no alto, acessamos um plano sutil e singular, que não reside fora, mas dentro. Um ponto que nos une a tudo e a todos como a corda de um colar. O divino deixa de ser mental e passa a ser real, palpável para os sentidos internos como o aroma de uma rosa para o olfato.
O laço está fora da atuação dos sentidos, que restringem a percepção dos espaços.
O laço está além da memória, que restringe uma porção do tempo.
O laço existe, é real e sem limites.
O laço, e suas pontas, são eternos.